Livros do Sítio do Picapau Amarelo

O Sítio do Picapau Amarelo é uma série de vinte e três livros de fantasia, escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato entre 1920 e 1947.

A obra tem atravessado gerações e geralmente representa a literatura infantil brasileira.

O conceito foi introduzido de um livro anterior de Lobato, A Menina do Narizinho Arrebitado (1920), a história sendo mais tarde republicada como o primeiro capítulo de Reinações de Narizinho (1931), que é o livro que serve de propulsor à série Sítio do Picapau Amarelo.




Precedentemente, Lobato já havia publicado os volumes O Saci (1921), Fábulas (1922), As aventuras de Hans Staden (1927) e Peter Pan (1930).

Obras completas

1921 – O Saci

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Sinopse:

Dois joões-de-barro eram “tão amigos que até para cantar, cantavam a duas mãos.(…) Certo ano, o casal resolveu construir um ninho novo em outro galho da palmeira e durante quinze dias o divertimento dos meninos foi acompanhar de longe a construção daquele trabalho”.

Mas o que Pedrinho queria mesmo era caçar um saci, e não é que queria tanto que acabou conseguindo? Com a ajuda, é claro, do Tio Barnabé, que garantia:

“Pois, seu Pedrinho, saci é uma coisa que eu juro que ‘exéste’. Gente da cidade não acredita, mas ‘exéste'”.

Aqui desenvolve-se a estranha aventura vivida por Pedrinho que conseguiu pegar um saci com a peneira e conservá-lo preso numa garrafa. O diabinho de uma perna só proporciona ao garoto ensejo de conhecer a vida noturna e fantástica das matas – com visões da Mula Sem Cabeça, da Caapora, do Lobisomem, do Boitatá, e das principais criações mitológicas do nosso folclore (1932).

Finalmente, acompanhado pelo saci capturado, Pedrinho transgredindo as ordens de Dona Benta, parte para a mata virgem dos seus sonhos.

A descrição do Sítio, da floresta, do sacizeiro e “do sacizinho do tamanho de um camundongo, já de pitinho aceso na boca e carapucinha na cabeça”, é de uma “galanteza” encantadora.

Pedrinho “regalou-se de contemplar o sacizete adormecido e ali ficará horas se o saci não o puxasse pela manga”.

Ver PDF : O Saci


1922 – Fábulas

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Sinopse:

Neste livro Monteiro Lobato reescreve as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, mas de modo comentado.

Reúne 75 fábulas contadas por Dona Benta nos saraus que aconteciam toda noite no Sítio do Picapau Amarelo, e que se encerravam às nove horas impreterivelmente.

Ao término da cada história, os lúcidos, inteligentes e interessantes comentários do pessoal do Sítío ajudam o leitor a apreciar melhor as fábulas e compreender mais profundamente esse gênero literário, quase em desuso atualmente.

 A novidade do livro está justamente nestes comentários, em que as fábulas são criticadas com a maior independência – e Emília chega a ponto de “querer linchar” uma delas, cuja lição de moral pareceu-lhe muito cruel.

Por exemplo, depois da audição de A rã e o boi, que traz como moral da história “Quem nasce para dez réis não chega a vintém”, Emília diz que absolutamente não concorda, argumentando que nasceu boneca de pano e chegou a valer muito mais do que um vintém, chegou a tostão. Narizinho a adverte para ter cuidado, porque ela também poderia estufar demais e estourar como a rã da fábula.

– E sabe o que sai de dentro de você se arrebentar ?

– Estrelas ! berrou Emília.”

Um livro encantador, em que o gênio dos velhos fabulistas é singularmente realçado pelos diálogos entre os meninos, que a inventiva de Monteiro Lobato vai criando com a maior agudeza e frescura (1922).


1927 – As aventuras de Hans Staden

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Sinopse:

Dona Benta narra, neste livro, as aventuras do alemão Hans Staden, que naufragou nas costas do Brasil, caindo prisioneiro do tupinambás em 1549.

Durante oito meses, o náufrago viveu os temores de ser comido pelos índios antropófagos até que, finalmente, libertou-se, voltando à Alemanha, onde escreveu a sua história.

Mas se salvou e voltou para a Alemanha. Lá publicou o seu livro: o primeiro que aparece com cenário brasileiro e um dos mais pungentes e vivos de todas as literaturas (1933).

Embora a narração de Lobato das aventuras de Staden seja mais objetiva, sem tantas intervenções dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo, este livro torna-se envolvente por sua linguagem coloquial e pelo crescente clima de suspense. 


1930 – Peter Pan

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Sinopse:

“Mas quem era Peter Pan?

Ninguém sabia, nem a própria Dona Benta, a velha mais sabida de quantas há”.

Ao notar que nem a avó sabia quem era Peter Pan, conhecido até pelo gato Félix, Emília retruca:

Pois se não sabe trate de saber. Não podemos ficar assim na ignorância. Onde já se viu uma velha de óculos de ouro ignorar o que um gato sabe? “

E, assim, a boa senhora encomenda a uma livraria de São Paulo Peter Pan and Wendy, “lindo livro em inglês, cheio de gravuras coloridas, do grande escritor britânico J. M. Barrie”. Com comentários divertidos de Emília e companhia, o leitor é envolvido tanto pela história como pela narração de Dona Benta.

Dona Benta recebe o famoso livro de John Barrie e o lê à sua moda para as crianças.

Durante a leitura, às vezes interrompida por cenas provocadas pelos meninos e sobretudo pela Emília, ocorre o caso do desaparecimento da sombra da tia Nastácia. Quem furtou a sombra da pobre negra? O Visconde é posto a investigar, e como é um excelente Sherlock, descobre tudo: artes da Emília… (1936).

Antecipando-se ao seu próprio tempo, Monteiro Lobato, antropofagicamente, trabalhou elementos de diferentes literaturas, incluindo Dom Quixote, Hércules, fadas e seres da tradição européia, Mickey etc…

Neste livro, recontou a aventura de Peter Pan, respeitando sua estrutura narrativa e sua essência, porém ambientado-a no mundo moderno, ou seja, no Sítio do Picapau Amarelo.

Muitos leitores sem poder deixar de crescer como acontece na Terra-do-Nunca, desejarão preservar a fé na fantasia dos livros maravilhosos de Lobato e de outros escritores pelo mundo afora.


1931 – Reinações de Narizinho

As Reinações de Narizinho

Sinopse:

Livro que dá início à saga do Sítio do Picapau Amarelo, no qual Narizinho conhece o príncipe Escamado, do Reino das Águas Claras, e Dona Aranha faz para ela um vestido tão bonito para a festa do casamento que o espelho racha de admiração. A saga do Picapau Amarelo começa.

Ao descrever a festa, a ternura de Monteiro Lobato pela palavra se revela: “E canários cantando e beija flores beijando flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo”.

Aparecem Narizinho, Pedrinho, Emília, o Visconde, Rabicó, Quindim, Nastácia, o Burro Falante… e o milagre do estilo de Monteiro Lobato vai tramando uma série infinita de cenas e aventuras, em que a realidade e a fantasia, tratadas pela sua poderosa imaginação, misturam-se de maneira inextrincável – tal qual se dá normalmente na cabeça das crianças.

É também nesse livro que Emília começa a falar por artes do Doutor Caramujo que “tem umas pílulas que curam todas as doenças, exceto quando o doente morre”.

Agora, Emília pode deixar que toda a sua “fala recolhida” se expanda até encontrar a sua melhor expressão, quando acontece o seu impagável casamento com o Marquês de Rabicó e o aparecimento do Visconde de Sabugosa.

O encanto que as crianças encontram nestas histórias vem sobretudo disso: são como se elas próprias as estivessem compondo em sua imaginativa, e na língua que todos falamos nessa terra – não em nenhuma língua artificial e artificiosa, mais produto da “literatura” do que da espontaneidade natural (1931).

Cada capítulo, intitulado e subdividido em partes, pode ser considerado uma história com começo, meio e fim, o que permite a interrupção da leitura.


1932 – Viagem ao céu

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Sinopse:

Emília, Pedrinho, Narizinho e o Burro Falante fazem uma viagem à Lua, usando o pó de pirlimpimpim, o pó mágico que transporta as criaturas a qualquer ponto do Espaço e a qualquer momento do Tempo, e levando, também, a Tia Nastácia, que, desprevenida, cheira o pó pensando ser rapé.

Lá, conversam com São Jorge, antigo capadócio dos tempos do Império Romano, a quem Pedrinho dá lições de Geografia, atualizando os conhecimentos do santo.

Dali, vão a Marte e, por distração, acabam na Via Láctea, onde Emília se interessa pelas estrelas e Pedrinho se apaixona pelos cometas.

Aliás, a turma passeia na cauda do cometa Halley que se choca com outro, deixando um anjinho de asa quebrada, mais tarde levado por Emília para o Sítio. No meio dessa confusão, Tia Nastácia está na Lua fritando bolinhos para o dragão de São Jorge.

Enquanto brincam no espaço sideral, vão aprendendo noções de astronomia. Só voltam de lá quando dona Benta os chama com um bom berro: “Já pra baixo, cambada!”.

A turma vai ter de buscá-la, mais cedo ou mais tarde.


1933 – História do mundo para as crianças

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Sinopse:

Este livro de Monteiro Lobato teve uma aceitação excepcional. É o primeiro dos livros “didáticos” ou “paradidáticos” de ML.

Nele o autor trata da evolução humana, e da história da humanidade no planeta, na organização clássica de todas as “histórias universais”, mas escrita de modo extremamente atrativo, como um verdadeiro romance posto em linguagem infantil.

As crianças lêem avidamente esse livro, como lêem as histórias da carochinha (1933).

Monteiro Lobato – ou Dona Benta, “em quem ama disfarçar-se”- virou professor para contar a história do mundo para as crianças.

A leitura minuciosa do índice auxilia a compreensão da dimensão desta obra, em que o autor começa explicando a evolução do homem: Répteis – Pássaros / Pássaros-Mamíferos / Mamíferos-Macacos / Macacos-Gente como nós”.

E concluiu:
“- Sabemos o que veio vindo desde o começo do mundo até nós.
Mas quem poderá prever o que virá depois de nós?
– Eu prevejo, gritou Emília lá do seu caminho
– Depois dos homens, virão as bonecas. Eu já sou uma amostra do que está para vir…”
Décadas depois, os robôs foram inventados só para provar que a Emília, mais uma vez tinha razão.

1933 – Caçadas de Pedrinho

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Sinopse:

Pedrinho organiza uma caçada de onça e sai vitorioso, como também sai vitorioso do ataque das onças e outros animais ao sítio de dona Benta, e a partir daí, seu grande sonho é caçar um rinoceronte.

Pois não é que um rinoceronte foge de um circo no Rio de Janeiro e escolhe a mata virgem do Sítio de Dona Benta para terminar seus dias em paz? – um animal pacatíssimo do qual Emília tomou conta, depois de batizá-lo de Quindim. 

Por estar sendo procurado em todo o Brasil, o governo cria o Departamento Nacional de Caça ao Rinoceronte, com um chefe, doze auxiliares e um grande número de datilógrafas e “agregados”.

Aqui Monteiro Lobato exerce com toda a graça e eficiência seu humor, ao descrever todas as peripécias que esse grupo de pessoas realiza para não correr o risco de realmente caçar o rinoceronte e ficar desempregado, em consequência disso.

Dessa forma, o rinoceronte passa a viver tranquilamente no Sítio, como bichinho de estimação de Emília e amigo de todos os habitantes desse local, onde todos nós, adultos e crianças, um dia também já habitamos.


1934 – Emília no país da gramática

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Sinopse:

Temos aqui uma das obras-primas de Monteiro Lobato e o mais original de quantos livros se escreveram até hoje.

Lobato representa a língua como uma cidade, a cidade da Gramática, e leva para lá o pessoalzinho do sítio, montado no rinoceronte.

E é esse paciente paquiderme o gramático que tudo mostra e explica.

Emília, Pedrinho, Narizinho e o Visconde, todos no lombo do rinoceronte Quindim, rumam para o País da Gramática.

O leitor pode se perguntar: por que Quindim saberia onde fica esse País ?
Porque ele havia, sozinho, engolido uma gramática inteira, tornando-se, desde então, um sábio nessas questões.

Dessa forma, pouco a pouco, os mecanismos de dinamização da língua vão se revelando para o leitor. Emília, muito da curiosa, conversa com a senhora Etimologia, uma velhinha muito sabida que fala sobre a formação das palavras, deixando a boneca fascinada por esse universo.

Há a entrevista de Emília com o venerando Verbo Ser, que é pura criação.

E a reforma ortográfica, que Emília opera à força, com o rinoceronte ali a seu lado para sustentar suas decisões, constitui um episódio que não só encanta as crianças pela fabulação como ensina as principais regras da ortografia.

Assim, a turma visita cidades da família de Portugália, Anglopólis e de palavras latinas e gregas.

O Visconde de Sabugosa, inclusive, rouba um ditongo para guardar de lembrança do passeio, mas Emília, muito esperta, toma-o para si.

Enfim, eis uma excelente oportunidade para mergulhar as crianças, com idade em torno de dez anos, no universo da gramática de forma inteligente e prazerosa. 

Ver PDF : Emilia no pais da gramatica


1935 – Aritmética da Emília

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Sinopse:

Na Aritmética da Emília, Monteiro Lobato usa do mesmo recurso e consegue, a partir de matéria tão árida como a aritmética, transformar o velho Trajano numa linda brincadeira no pomar.

Depois do passeio ao País da Gramática, o Visconde de Sabugosa acredita ser sua obrigação como sábio inventar uma viagem – e das mais científicas – para a turma do Sítio.

Surge, assim a idéia de uma visita ao País da Matemática, recebida com entusiasmo por todos.

Um circo é montado no próprio Sítio para que os habitantes daquele País se apresentem: os números mostram suas acrobacias – a subtração, a adição, a multiplicação e a divisão – ; chegam também os sinais usados na Aritmética, as frações e as medidas, entre outros.

De um assunto considerado árido e difícil pela maioria das crianças, Monteiro Lobato cria uma história interessante, capaz de ensinar sem didatismo exagerado. Ao contrário, com sua inventividade, faz um livro inteligente e divertido sobre a Aritmética.

O quadro-negro em que faziam contas a giz era o couro do Quindim… (1934).


1935 – Geografia de Dona Benta

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1935 – História das invenções

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Ver PDF : História das Invenções


1936 – Dom Quixote das crianças

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1936 – Memórias da Emília

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1937 – O poço do Visconde

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Ver PDF : O Poço do Visconde


1937 – Serões de Dona Benta

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1937 – Histórias de Tia Nastácia

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1939 – O Picapau Amarelo

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Ver PDF : O Picapau Amarelo


1939 – O Minotauro

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1941 – A reforma da natureza

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1942 – A chave do tamanho

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Sinopse:

Lançado pela primeira vez em 1942, ano em que o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, A chave do tamanho, de Monteiro Lobato, faz uma crítica aos governantes que mataram milhares de pessoas e destruíram cidades inteiras na Europa. 

Nessa história, Dona Benta e toda a turma do Sítio do Picapau Amarelo estão tristes com as notícias que chegam pelo rádio e pelos jornais contando sobre os bombardeios e as mortes causados pela guerra.Escondida de todos, Emília resolve dar um jeito nessa situação e parte para uma aventura arriscada que pode acabar com toda a civilização.

Na tentativa de acabar com a guerra que já durava muito tempo, Emília toma uma pitada do super pó que o Visconde fabrica, com a intenção de chegar à Casa das Chaves e fechar a chave da guerra.Vê-se, assim, reduzida a um centímetro de altura. Percebe logo que “a situação era tão nova que as suas velhas idéias não serviam mais”.Depois de mudar o tamanho de todos os seres humanos, a bonequinha sai pelo mundo enfrentando perigos e fazendo descobertas.

Em suas andanças chega a encontrar o temido Adolf Hitler.Numa época em que os adultos não costumavam conversar muito com as crianças, Lobato fala sobre a guerra com o público infantil neste livro que se tornou um de seus grandes sucessos.

O leitor acompanhará com interesse todas as adaptações que Emília e algumas pessoas mais espertas fazem para sobreviver num mundo, para eles, agora, imenso, como também o triste fim daqueles mais arraigados a antigos hábitos.


1944 – Os doze trabalhos de Hércules

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1947 – Histórias diversas


Em 2007, a Editora Globo relançou boa parte da obra de Monteiro Lobato.